segunda-feira, 19 de maio de 2008

MOSTRA VÍDEOSAÚDE RECIFE 2008


Exibição de vídeos com temáticas as mais variadas relacionadas à saúde, proveniente do acervo da VideoSaúde – Distribuidora da FIOCRUZ. Há documentários e mistos, com elementos de ficção, tratando de políticas de saúde, endemias e epidemias (hanseníase, tuberculose, DST/AIDs) e saúde mental.
20 e 21 de maio de 2008, 18 às 22h
Sala João Cardoso Ayres – Fundação Joaquim Nabuco
Rua Henrique Dias, 609, Derby
Fones: (81) 3073.6688/3073.6689
Informações: (81) 9266-9610/9618-4364/99525114
ENTRADA FRANCA

PROGRAMAÇÃO

1º. DIA: POLÍTICA DE SAÚDE

Políticas de Saúde no Brasil: um século de luta pelo direito da saúde - 60 min –
OPAS/MS/UFF - São Paulo-SP, 2006

Através de narrativa ficcional, aliada a imagens reais e à linguagem dos meios de comunicação de cada época, o documentário conta a história das políticas de saúde no brasil, mostrando como ela se articulou, desde 1900 até 2006, com a história política brasileira. dentre muitos fatos históricos, são retratadas a criação das caixas e dos iaps; a luta pela criação do sus e seu estabelecimento em lei, em 1988, quando a saúde passou a ser um direito do cidadão e um dever do estado; e a situação do sus e das políticas de saúde já no século xxi.

SUS, 20 anos após – 54 min – Canal Saúde/FIOCRUZ, Rio de Janeiro - RJ, 2006

Programa sobre o sus e seus 20 anos de implantação. aborda aspectos como: os sucessos, os avanços, os problemas e os desafios do sistema único de saúde do ponto de vista de gestão, econômico, social e político, que contou com a participação de representantes de instituições como a unicamp; pesquisadores da ufmg e de parlamentares. (Programa canal saúde).





Aqui é permitido sonhar – 17 min – DCS/CICT/FIOCRUZ, Brasília (DF), 2004

Apresenta um resumo do maior fórum político na área da saúde: a xii conferência nacional de saúde, sob o tema "saúde um direito de todos, um dever do estado, o SUS que queremos". Durante 05 dias, participantes de todo o país fizeram um balanço dos 15 anos do sistema único de saúde, lançaram e discutiram propostas para um sistema de saúde de qualidade e votaram resoluções.

Vozes da Integralidade – 54 min – DCS/CICT/FIOCRUZ e LAPPIS/IMS/UERJ, Rio de Janeiro – RJ, 2006

Realizado a partir das falas de alunos, egressos, professores, pesquisadores, gestores de serviços, gestores educacionais e usuários, o vídeo aborda diversas experiências no campo da formação universitária – graduação – de diferentes cursos e instituições de ensino que têm a integralidade como princípio articulador de seus projetos pedagógicos e de atuação junto aos diferentes serviços de saúde compreendidos não somente como campo de prática mas, sobretudo, como cenário de construção de saberes compartilhados.


2º. Dia: ENDEMIAS/EPIDEMIAS

Tema: Hanseníase
Os melhores anos de nossas vidas – 1h03min – Andréa Pasquini, Santo Ângelo -(RS), 2003

Histórias de preconceito, abandono e superação contadas pelos moradores de santo angelo, uma cidade erguida para o tratamento de hansenianos. o testemunho humano revela as marcas do tempo em que a internação era compulsória. condenados ao isolamento, encontraram no amor e na revolução, na música e no cinema as principais armas para enfrentar seus dramas pessoais.

Tema: Tuberculose
Volta, Landico! – 54min – Cena Tropical Comunicações, Rio de Janeiro – RJ, 2000

Ficcionalmente relata a vida da enfermeira Luzia. Líder natural de seu grupo, ela se afunda num dilema pessoa que é acompanhar o marido para fora do Brasil, ou continuar atuando naquele trabalho com o qual se identifica tanto. Paralelo a isso, várias estórias se entremeiam ao desaparecimento de Landico, tuberculoso multiresistente capaz de espalhar a doença de maneira grave.






Tema: AIDS
Risco Zero – Uma história de amor e prevenção – 26min – Ministério da Juventude e Desportos, Moçambique, 2004

Apresenta a estória de um casal de adolescentes começando a sua vida sexual e os questionamentos relacionados a aids. Aborda os cuidados necessários para que os jovens evitem o risco da contaminação nas relações sexuais. a narrativa utiliza-se de recursos do cinema mudo.

Tema: Saúde mental
TV ENDOIDADA - 44 min –Instituto Philippe Pinel, Rio de Janeiro – RJ, 1997

Programa produzido pelos pacientes do Instituto Phillipe Pinel, que aborda o cotidiano de seus personagens, através de vários quadros e de algumas produções ficcionais. Neste, realizam o humorístico TV Endoidada, promovem uma partida de futebol feminino e entrevistam familiares de pacientes. No quadro o povo-fala, o tema abordado é namoro pela Internet.


REALIZAÇÃO (logos):
ANEPS-PE, COMUNICARE, CENTRO PAULO FREIRE E NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO SOBRE MOVIMENTOS SOCIAIS

COMISSÃO ORGANIZADORA
André Cervinskis
Alessandro Monte
Carlos Silvan
Érika Lima
Leonardo Branco
Patrícia Costa
Isaltina Mello Gomes
Lúcia Noya
Luiz Momesso
Marconi Aurélio
Rosane Bachilli
Xavier Uytdenbroek

EQUIPE DE APOIO:
Alberto Saulo Lima
Sílvia Santos

APOIOS:
FUNDAJ, SINDICATO DOS MÉDICOS-PE, CREMEPE, FIOCRUZ, SECRETARIA DE SAÚDE DE OURICURI, SECRETARIA DE SAÚDE DE OLINDA

segunda-feira, 7 de abril de 2008


ENCONTRO PERNAMBUCANO DE COMUNICAÇÃO E SAÚDE
Recife (PE), Centro de Filosofia e Ciências Humanas e Centro de Educação da UFPE, 17 e 18 de maio de 2008

O Encontro Pernambucano de Comunicação e Saúde tem como tema: Comunicação e Saúde: Desafios e Perspectivas na Construção do Sistema Único de Saúde (SUS) e promoverá um intercâmbio entre movimentos sociais e academia (extensão), refletindo como a comunicação comunitária (rádios comunitárias, jornais populares, etc) e os movimentos de extensão podem contribuir para o consolidação do SUS, utilizando-se dos princípios da educação popular em saúde. Também discutir conceitos de redes e sua importância nos movimentos sociais, bem como suas estratégias de criação e fortalecimento. Procurará reunir militantes de movimentos sociais (agentes de pastorais, locutores de rádios comunitárias, redatores de jornais populares, etc), organizações não-governamentais (ONGs) e estudantes de comunicação e saúde e profissionais dessas áreas interessados em discutir e construir um novo modelo de comunicação para a saúde.
Como afirma Araújo & Cardoso (2007), “a concepção do SUS, que prevê uma redistribuição d e poder de gestão da coisa pública, ou seja, controle da sociedade sobre as políticas públicas, contraria interesses antigos e fortes de nossa sociedade. E, para que esses interesses continuem preservados, é preciso manter o sistema que reproduz a desigualdade social, que passa pela desigualdade de acesso à saúde, que inclui a desigualdade de acesso á informação, do direito à expressão e á participação política”(ARAÚJO & CARDOSO, 2007, p. 130) Com elas, reafirmamos que o campo da saúde e da comunicação em saúde são construídos pelo melhor que cada um pode aportar, por idealismos, por desejos de favorecer melhores condições de vida e saúde à população do país; (...) que de toda parte têm irrompido iniciativas inovadoras no sentido de transformação das velhas práticas, que demandam fortemente canais de visibilização”. (ARAÚJO & CARDOSO, 2007, p. 131)
A educação popular em saúde é um conceito que vem sendo desenvolvido no Brasil há vários anos e atualmente se constitui em um eixo significativo da educação e promoção à saúde. Uma importante ação nesse sentido foi a criação da rede de educadores populares em saúde, quando educadores, acadêmicos e profissionais de saúde resolveram criar um espaço para discutirem à distância, por meio da internet, experiências e pesquisas em educação popular em saúde. Outro passo importante foi a organização da ANEPS – Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde. Criada em 2003, a ANEPS tem como missão articular os movimentos, práticas e educação popular em saúde em todo o Brasil, visando o fortalecimento da saúde pública e a participação popular na formulação, gestão e controle social das políticas voltadas à promoção da saúde. Algumas experiências, ligadas ou não á ANEPS, têm utilizado os princípios da educação popular em saúde através de meios de comunicação comunitários, como jornais de bairro, rádios comunitárias e mesmo vídeos populares. O seminário pretende analisar como a interface entre comunicação e educação popular em saúde pode colaborar para o fortalecimento do SUS, articulando esses diversos atores, oferecendo maior visibilidade a essas experiências locais.

OBJETIVOS

Gerais:
Refletir e analisar a educação popular em saúde e suas interfaces com a comunicação em saúde.
Contribuir com a reflexão sobre comunicação em saúde na perspectiva da educação popular em saúde, e com isso, trocar experiências e conhecimentos, formular idéias e ações para a iniciativa da construção da rede de comunicadores (as) em saúde e fortalecimento da participação popular e controle público do SUS

Específicos:

Evidenciar a integração entre os movimentos sociais e práticas de educação popular em saúde junto aos meios de comunicação popular, entidades e movimentos que trabalham ou se interessam com os temas educação e comunicação popular em saúde

Refletir sobre as possibilidades de desenvolver produtos de comunicação voltados às práticas populares em saúde discutindo seus princípios, políticas , metodologias, técnicas e processos.

Levantar o debate sobre a necessidade da criação da Rede de Comunicação Popular em Saúde em Pernambuco junto aos movimentos sociais ou pessoas que trabalham sob a perspectiva da comunicação popular.

PÚBLICO-ALVO: militantes de movimentos sociais (agentes de pastorais, locutores de rádios comunitárias, redatores de jornais populares, etc), organizações não-governamentais (ONGs) e estudantes e profissionais de comunicação e saúde interessados em discutir e construir um novo modelo de comunicação para a saúde.

METODOLOGIA: Será participativa, em formato de rodas de diálogo. Dividir-se-á em pequenas e grandes rodas, ao longo de dois dias. As principais propostas serão sistematizadas para serem votadas e encaminhadas em plenário no último dia do evento.

INSCRIÇÃO DE EXPERIÊNCIAS: Cada pessoa, se desejar, poderá também inscrever uma experiência em formato variado (poesia, esquetes, apresentação oral, etc.), bastando para tanto enviar um pequeno relato de cinco linhas para a Comissão Pedagógica, disponível na ficha de inscrição. Maiores informações através do e-mail: carlossilvan2003@yahoo.com.br.

A comissão ficará responsável de escolher as apresentações que estiverem mais adequadas para as pequenas ou grandes rodas. Também haverá inscrição de ouvintes.
Atenção o prazo final é dia 14 de maio.
Abaixo, segue modelo da Ficha de Inscrição. Aos interessados, favor copiá-la, preenchê-la e enviar ao e-mail: inscricaoepcs@gmail.com

FICHA DE INSCRIÇÃO


NOME:

ENDEREÇO:

TELEFONE:

E-MAIL:

MOVIMENTO A QUE ESTÁ LIGADO:

PRECISA DE ALOJAMENTO?

SIM NÃO


VAI APRESENTAR EXPERIÊNCIA DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE?

SIM NÃO

SE POSITIVO, POR FAVOR, ESCREVA, EM CINCO LINHAS, O RESUMO DE SUA EXPERIÊNCIA:

TAXA DE INSCRIÇÃO: Para todas as modalidades (apresentador ou ouvinte), a taxa será de R$ 10,00 (dez reais), incluído nessa o almoço dos dois dias. As inscrições podem ser feitas pessoalmente ou por telefone, no Centro Paulo Freire:

Endereço:
CENTRO DE EDUCAÇÃO - UFPE
Avenida Acadêmico Hélio Ramos s/n, Centro de Educação - Cidade UniversitáriaCEP: 50670-901Fone/Fax: (81) 2126-8809 ou 3271-4813

Ou por FAX. Nesse caso, a ficha de inscrição deve vir acompanhada do comprovante de depósito na seguinte conta:

BANCO DO BRASIL
AG.: 3613-7
C/C: 38018-7
CPFREIRE /COMUNICAÇÃO EM SAÚDE

Em seguida, o comprovante deve ser enviado ao Centro Paulo Freire pelo FAX: 81) 2126.8809 ou 3271-4813 (Hilda ou Silvana).

Se desejar enviar on-line, favor escaneá-lo e remetê-lo para o e-mail: inscricaoepcs@gmail.com

LANÇAMENTO DE LIVROS: livros relacionados às temáticas abordadas no evento também podem ser lançados durante o encontro. Para tanto, o candidato deve enviar resumo de 5 linhas (Times new roman, fonte 12, espaçamento simples), até o daí 09 de maio de 2008, para o e-mail: carlossilvan2003@yahoo.com.br, colocando no assunto: livro para lançamento. A aprovação sairá três dias antes da realização do evento, ou seja, 14 de maio de 2008. Na ocasião, será informado no site, bem como enviado por e-mail aos participantes. A organização não se responsabiliza, porém, por despesas com recepção ou convites, correndo às expensas dos autores, caso desejem.
ALOJAMENTOS: Para os que residem fora de Recife, são disponibilizadas vagas no alojamento da UFPE, seguindo a ordem de inscrição. As caravanas de outros estados devem entrar em contato com a organização do evento, através dos e-mails: acervinskis@yahoo.com ou luninha22@yahoo.com.br.


PROGRAMAÇÃO

17/05/08 – 1º dia

9h - Mesa de abertura: entidades organizadoras e parceiras

9h15m – 1ª Grande roda: Políticas de comunicação e controle social

Facilitação: André Cervinskis
12h – Intervalo para almoço

14h – Grupos de Trabalho: A. Movimentos sociais, comunicação e saúde;B. Comunicação, arte e cultura em saúde;C. Extensão, comunicação e saúde;D. Controle social, comunicação e saúde

16h – Intervalo

16h15m – Sistematização das discussões das pequenas rodas
18h30m - Encerramento

18/05/08 – 2º dia

9h - 2ª Grande roda: Comunicação e saúde: desafios e perspectivas na construção do SUS

Facilitação: Inesita Araújo

12h – Intervalo para almoço

14h – Grupos de Trabalho

16h – Intervalo

16h15m – Sistematização das discussões dos pequenos grupos e encaminhamento de propostas (planária)

18h30m - Encerramento
MOSTRA VÍDEO SAÚDE

20 e 21 de maio de 2008,18 às 22h
Sala João Cardoso Ayres – Fundação Joaquim Nabuco
Rua Henrique Dias, 609, Derby Fones: (81) 3073.6688, 3073.6689, 3073.6712 e 3073.6651

Mostra de vídeos com temáticas as mais variadas relacionadas à saúde, proveniente do acervo audiovisual da FIOCRUZ.

ENTRADA FRANCA


REALIZAÇÃO:
Centro Paulo Freire – Estudos e Pesquisas
Núcleo de Documentação sobre os Movimentos Sociais (UFPE)
ANEPS-PE

COMUNICARE


COMISSÃO ORGANIZADORA
André Cervinskis

Alessandro Monte

Carlos Silvan

Érika Lima

Leonardo Branco

Patrícia Costa

Isaltina Mello Gomes

Lúcia Noya
Luiz Momesso

Marconi Aurélio

Rosane Bachilli

Xavier Uytdenbroek


APOIO:
Associação Caruaruense de Ensino superior - ASCES

Centro Paulo Freire Estudos e Pesquisas

Fórum dos Professores de Comunicação Social de Pernambuco
Departamento de Comunicação Social – UFPE

Pró-reitoria de Extensão (PROEXT- UFPE)

Secretaria de Saúde do Recife
Universidade Federal de Pernambuco

Ministério da Saúde
Fundação Osvaldo Cruz

Pastoral da Saúde – Arquidiocese de Olinda e Recife






Texto de apoio: Comunicação e Saúde e Educação Popular

A relação entre comunicação e saúde, embora academicamente seja um recorte mais recente, existe desde o princípio da história da saúde pública no Brasil. Segundo Cardoso (2001, p. 563),
[...] durante as três primeiras décadas do século 20, processou-se um movimento vigoroso de controle social
[1], em especial das camadas populares, dentro das exigências do processo econômico de afirmação e inserção do país na ordem capitalista, primeiro como agro-exportador, depois viabilizando a implantação do capitalismo industrial. Nesse período, foram também estabelecidos fortes vínculos entre os campos da saúde e da educação, com a interpenetração de conhecimentos, modelos e práticas, renovados permanentemente, até os dias atuais, sempre no contexto determinadas conjunturas sócio-históricas, paradigmas de conhecimento e modelos de intervenção sanitária.

Oswaldo Cruz e, posteriormente, Carlos Chagas, inspirados no modelo sanitário europeu-americano, iniciaram um processo de reforma sanitária com bases autoritárias e intervencionistas. A década de 20 foi marcada pelas "campanhas", frentes de higienização e vacinação, apoiadas pelas Forças Armadas. Getúlio Vargas, por sua vez, com as caixas de pensões de diversas categorias, estabelece um seguro previdenciário de saúde e aposentadoria que vincula o atendimento de saúde ao trabalho. Isso gerou uma situação difícil, pois os que não eram cobertos por tais seguros tinham de recorrer aos hospitais filantrópicos, ligados à Igreja e demais entidades que prestavam este serviço caritativo. A população pouco protagonizou ou opinou na constituição do sistema público de saúde brasileiro. “Um sistema burocrático-corporativista centralizava as decisões de assistência médico-sanitária que eram delegadas a especialistas, políticos, que se inspiravam mais nos modelos importados de outros países que nas aspirações do povo” (p. 564).
Em meados da década de 70, os movimentos sociais articulados ao campo da saúde vinham estabelecendo alianças entre profissionais dos serviços, academia, lideranças sindicais, comunitárias e religiosas. Na década seguinte, amplia-se a aliança com outros setores da sociedade como algumas representações do Poder Legislativo. Esse movimento, segundo Cardoso (idem, p. 563), consegue
[...] incluir no debate nacional uma nova e mais ampla concepção de saúde, de organização e gestão de suas ações e serviços. Permite, assim, que o processo de redemocratização seja um momento de avanço da Reforma Sanitária Brasileira. O início da década de 80 traz o acirramento da crise econômica e social e a intensificação dos movimentos de oposição ao regime militar instalado em 1964. Com as eleições de 1982 e a vitória das forças progressistas para as prefeituras e instâncias legislativas, ganha novo alento o processo de abertura que continuará, no entanto, pontuada de revezes.

Ainda segundo Cardoso (idem, p. 564), a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, pode ser vista como materialização desta conjuntura e de suas tendências em termos de gestão pública, bem como um marco no processo de redemocratização da sociedade e do Estado brasileiro. Pela primeira vez, entre os quase quatro mil participantes de uma Conferência, reuniram-se representantes da população usuária dos serviços, entidades sindicais, associativas, religiosas e não apenas médicos, intelectuais e técnicos do setor saúde. Do debate entre novos e tradicionais atores sociais, suas diferentes posições e formas de tematizar a saúde, configura-se um projeto e um programa de reformas que irá influenciar significativamente os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, instalada no ano seguinte. E, não obstante resistências e concessões, irá inscrever na Constituição de 1988 as principais teses pactuadas na 8a CNS (Conferência Nacional de Saúde)” (idem, 565).
Nesse sentido, podemos dizer que o Brasil foi vanguarda na implantação de um Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecido na Constituição e implantado na década de 1990, em plena Era Collor, com todas as suas contradições. Um governo autoritário, de cunho populista, que abria o mercado brasileiro às exportações e começava o processo neoliberal no país, mas que teve de implantar, por força de lei, um dos sistemas de saúde mais avançados do mundo em termos de concepção.
Com esses e tantas condições que favoreceram estas novas possibilidades, surgem novas articulações entre democracia, saúde e o conjunto das políticas públicas, entre elas as da comunicação. As demandas nesta área se ampliam e se diversificam, indo muito além das informações sobre doenças e suas formas de prevenção, tradicionalmente ofertadas pelas instituições e serviços de saúde à população. Segundo Cardoso (idem, 567), “desde meados da década de 80 vem se processando um contínuo questionamento das práticas de comunicação desenvolvidas no campo da saúde”.
Na 8ª CNS, segundo Cardoso (2001, p. 568) uma primeira formulação já indicava a educação, comunicação e informação como pré-requisitos da cidadania e do direito à saúde, “abrindo espaços para outras articulações, tanto do ponto de vista da necessidade de maior integração entre as políticas sociais, como de uma participação mais efetiva dos cidadãos em sua formulação e implantação".
A comunicação popular em saúde, campo de experiências no campo da educação popular, é uma área mais ou menos recente. Mais uma prática que uma área acadêmica, embora alguns autores já tenham publicados trabalhos dessa natureza com outras denominações. É a comunicação em saúde exercida pelo povo e para o povo, utilizando-se de canais como as rádios comunitárias, jornais populares, informativos de movimentos, etc. Prescinde do direito de todo ser humano ter acesso e produzir a informação, seja em saúde, seja em outras áreas. Nesse tocante, há experiências de estudantes de saúde, ONGs e movimentos sociais que realizam trabalhos para promover a saúde comunitária. Escrevem scripts de rádio, textos para jornais de bairro, etc. Também é a comunicação em saúde pensada na linguagem que o povo entende e pratica. Procura respeitar as práticas e culturas locais, e é por isso que sua interface com a educação popular em saúde é forte (CERVINSKIS, 2005).
A comunicação popular em saúde, assim como a educação popular em saúde, acredita numa nova forma de informar e educar, respeitando os saberes populares. Pressupõe uma ideologia de transformação, desconstruindo modelos prontos e estimulando a participação popular não somente na audiência, mas inclusive na produção de tais produtos comunicativos. Isso significa escrever roteiros de vídeo, scripts de programas de rádio, matérias par jornal, etc (CERVINSKIS, 2005).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEPS – Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde. Brasília: Relatório da Oficina Nacional da ANEPS, 2004.
ARAÚJO, Inesita Soares & CARDOSO, Janine Miranda. Comunicação e Saúde. Rio de Janiro: col. Temas em Saúde, Ed. FIOCRUZ, 2007.
___________. Mercado simbólico: um modelo de comunicação para políticas públicas. Interface comunicação, saúde, educação. Botucatu, SP, v. 8. n.14, p.165-178, set. 2003/fev.2004.
___________. Materiais educativos e produção dos sentidos na intervenção social. Rio de Janeiro: IOC, FIOCRUZ, 2003.
___________. A reconversão do olhar. São Leopoldo: Unisinos. 2000.
BRANDÃO, Ana Paula; ARAÚJO, Inesita; CARDOSO, Janine; Redes discursivas em
movimento – avaliação de estratégias de comunicação em saúde. 2002. Texto apresentado na XI COMPÓS (Associação Nacional dos Programas de Pós Graduação em Comunicação), Rio de Janeiro, 2002.
CARDOSO, Janine. Comunicação, saúde e discurso preventivo: reflexões a partir de uma leitura das campanhas nacionais de AIDS veiculadas pela TV (1987-1999). 2001.
Dissertação (mestrado). Rio de Janeiro, Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.
CERVINSKIS, André. Comunicação e Educação Popular em Saúde. In: SEMINÁRIO DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE. Manuscrito. Recife, UFPE, 2005
CAMPOS, G. W. de S. O Agir em Saúde, São Paulo: HUCITEC, 1997
COSTA, Nilson R. (1986), Controle social e lutas urbanas: as origens das políticas públicas no Brasil, RJ: Vozes, pp. 23 –47.
FAUNDEZ, Antonio. O poder da Participação. São Paulo: Cortez Editora, 1993,
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 20.ª Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
____________. Pedagogia do Oprimido. 33.ª Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
____________. Pedagogia da Autonomia. 24.ª Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
____________. Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
MELO NETO, José Francisco., Educação Popular – enunciados teóricos, João Pessoa: Editora Universitária, 2004.
________________________ Dialética. João Pessoa: Editora Universitária, 2002.
__________ Saúde Pública como Política. São Paulo: HUCITEC, 2003.
MINAYO, C. Concepções e representações como integrantes da realidade social, In: Saúde e Doença como Expressão Cultural. RJ. Ed. Fiocruz, 2002.
VASCONCELOS, Eymard Mourão. Educação Popular em Saúde nos Serviços de Saúde. 3a.Edição, São Paulo: HUCITEC, 1997.
_____________________________. A Saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da rede de educação popular e saúde. São Paulo; HUCITEC, 2001.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Comunicare

Comunicare é uma equipe de profissionais que atuam facilitando a comunicação entre os gestores, profissionais da saúde e a comunidade em geral. Suas ações são baseadas pelos princípios norteadores do SUS (Sistema Único de Saúde), a saber: universalidade, eqüidade, integralidade, descentralização e controle social. Usa a metodologia da Educação Popular e da Comunicação em Saúde na concepção de sua produção.

Nosso objetivo
Prestar serviços de comunicação na área da saúde, como: produção de materiais informativos, preventivos e de promoção em saúde (impresso e audiovisual), assessoria de imprensa, criação e manutenção de website e revisão e diagramação de textos.

Linguagens e princípios
Pretendemos seguir os princípios da comunicação popular, que, por sua vez, advém das práticas de educação popular. Nossas atividades seguem uma lógica de produção em que os componentes não se restringem somente a emissores ou receptores de mensagens. Portanto, faz-se necessário o uso de linguagem acessível, não-acadêmica, que valorize as subjetividades e permita a integração de vários segmentos. A Educação Popular em Saúde vem crescendo e se constituindo num novo campo da saúde coletiva, assumindo um papel na construção do SUS, na promoção da saúde e da qualidade de vida dos cidadãos. Nasceu dos princípios da educação popular, desenvolvidos pelo educador Paulo Freire. Pressupõe um processo de aprender-ensinar diferente do modelo tradicional de educação, no qual um sabe tudo e o outro nada, e no qual o conhecimento está centralizado nos intelectuais.

Admite a construção coletiva de conhecimento para formar novos sujeitos, diminuindo as distâncias entre as classes sociais. Valoriza as práticas populares, a cultura do povo. Aproxima os mundos acadêmico e popular, utilizando-se de uma linguagem menos formal, quebrando relações rígidas da hierarquia médica, que distancia o usuário do profissional de saúde.
É campo de trabalho para educadores populares, profissionais e estudantes de saúde, além de militantes de movimentos sociais. Nos serviços de saúde, por outro lado, ainda trabalha-se com a educação para a saúde, concepção hegemônica do modelo tradicional de assistência à saúde, onde a educação é tida como um bem que tem de ser repassado ao e absorvido pelo paciente, uma ação prestada, um instrumento para viabilizar a saúde das pessoas, para que todos tenham saúde.
Por sua vez, a educação popular é o processo contínuo e sistemático que implica momentos de reflexão e estudo sobre a prática do grupo ou da organização; é o confronto da prática sistematizada com elementos de interpretação e informação que permitam levar tal prática consciente a nova compreensão Assim os conhecimentos produzidos sobre outras práticas, os eventos formativos com tais, os materiais de apoio, o intercâmbio de experiências, etc., adquirem sua justa dimensão.

NOSSA EQUIPE
André Cervinskis – Comunicador Social Especialista em Comunicação em Saúde;
Alessandro Monte – Articulador;

Érika Lima – Jornalista;
Leonardo Branco – Designer;
Patrícia Costa – Estagiária de Comunicação Social;
Rosana Bachilli – Médica e Educadora Popular em Saúde.